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"A vida Além da Sobrevivência"

Foto do escritor: Tatiana CarneiroTatiana Carneiro

Atualizado: 9 de mar. de 2024


Buscando um sentido mais formal da palavra sobrevivência encontrei relação com permanência, conservação e manutenção da vida. Sendo que o verbo viver nos remete a uma ideia menos estática e mais dinâmica, trazendo a noção de experimentar, conhecer, explorar e desfrutar de algo.


Então me fiz algumas perguntas: o que de fato representa essas definições em nossa vida real? O que é viver em “modo de sobrevivência”? Será que sobreviver é a única opção de manter a vida?


Antes de tentar responder essas perguntas, tive contato com um conhecimento científico que explica que todos nós temos um modo de sobrevivência, sendo ele ativado quando nosso cérebro interpreta que estamos em situação de perigo. É a parte mais velha do cérebro humano, conhecido como o cérebro reptiliano, que nos impulsiona a agir em momentos de risco iminente à vida.


O cérebro reptiliano ou tronco cerebral é o primeiro nível de organização cerebral, sendo também conhecido como “cérebro instintivo” e tem como principal função garantir a sobrevivência e regular as funções básicas do corpo.


Sendo assim, as principais emoções que surgem quando esse modo é ativado são as que promovem o sistema de luta e fuga, sendo o medo, a ansiedade e a raiva sinais característicos de que estamos agindo comandados por esse cérebro primário.


A percepção dessas emoções negativas nos permite identificar quando e quanto da nossa vida está sendo vivida com esse sistema de luta ativado. Assim sendo, se uma pessoa vive constantemente ansiosa, angustiada e com repetidas explosões de raiva, pode ser um sinal indicativo de que o tronco cerebral está em primeiro plano, controlando os nossos pensamentos e atitudes.


Entretanto, o nosso instinto de sobrevivência é muito importante, e é ele que detecta ameaças e busca proteção e segurança frente a um perigo. Contudo, esse sistema é falho em decodificar informações, levando a conclusões e interpretações errôneas em algumas situações.


Felizmente, esse sistema é aprimorado com a atividade das outras duas partes do nosso cérebro, o cérebro límbico e o cérebro neocórtex.


O cérebro límbico é cérebro responsável por controlar o comportamento emocional dos indivíduos. E o cérebro neocórtex, conhecido como cérebro racional, por sua vez, é o último nível de organização cerebral e é o que nos diferencia de outros animais.


O neurocientista Paul MacLean, em sua teoria do cérebro trino, relata que apenas pela presença do néocortex que o homem consegue desenvolver o pensamento abstrato e tem a capacidade de criar. Essa parte do nosso cérebro é conhecida como a região mais evoluída, fazendo o processamento de todas as informações, pensamentos complexos e a memória.



Isso posto, podemos deduzir que toda vez que o homem age com ações e emoções conscientes, estas são ditas pelo cérebro racional. Infelizmente, estudos indicam que apenas 5% das nossas decisões são conscientes, sendo a maior parte controlada por desejos e impulsos intempestivos.


"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe". Oscar Wilde

Desta forma, podemos entender que o “modo sobrevivência” não é o mais inteligente de ser mantido em situações habituais da existência onde não é preciso a luta de vida-morte. Entretanto, a maioria das pessoas ainda vive com esse modo de vida ativado, experenciando pensamentos e sentimentos inquietantes a maior parte do tempo, mesmo quando não estão sob risco iminente. Isso acontece, principalmente, pela falta de desenvolvimento das funções cognitivas, mentais, emocionais e até materiais das pessoas.


Gostaria de citar alguns fatos sobre a exploração desse conhecimento do sistema reptiliano, límbico e neocórtex ao longo da história. No livro “O Príncipe”, publicado em 1532, Nicolau Maquiavel desenvolveu a teoria da política do medo, praticada por governantes até hoje. Nos EUA, essa tática é conhecida como “método do réptil”, porque é associada à exploração do cérebro reptiliano da população para que sejam mais facilmente manipuláveis, pela inibição da lógica e da razão através do medo. Essa tática também é utilizada por religiões. Também temos o campo do neuromarketing, que criam abordagens diferentes para oferta de produtos e serviços, influenciando as diferentes áreas do cérebro. Por exemplo, criando sensações positivas, aumentando percepções de valor e técnicas de persuasão.


Com isso posto, podemos perceber que quem vive no “modo de sobrevivência” constantemente tem baixa autoestima, age tomado pelos impulsos, desejos ou medo. O “sobrevivente” é escravo do tempo, vivendo ansioso à espera do futuro ou deprimido pelas experiências do passado. Como vive em constante inquietação, é tomado pelos sintomas de estresse, podendo ter atitudes egoístas e inflexíveis.


Caso você tenha identificado que está vivendo nesse piloto automático, eu também te convido a fazer essa reflexão: você está experimentando a vida ou apenas existindo? Quais as razões que impulsionam suas atitudes? Você tem escolha para sair dessa situação sozinho? Será que não é o momento de pedir ajuda?


O primeiro passo para interromper esse ciclo vicioso é reconhecer que estamos vivendo nele. Podemos assumir o controle da nossa vida agindo de forma consciente. Viver orientado por um propósito de vida nos ajuda a ter clareza e nos permite andar com mais leveza e tranquilidade.


Não tenha medo de realizar as mudanças necessárias para alcançar paz e alegria. E nunca desista das coisas que te fazem sorrir!


“O que mais me surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por não viver nem o presente nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido". Dalai Lama


Eu sou Tatiana, entusiasta das ciências e estudiosa sobre tudo o que faz bem à mente, corpo e espírito.


Gratidão pela visita!


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